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Ser “trocado” por um robô pode ser bom, sim! Confira tudo que você precisa saber sobre RPA

Um dos medos mais comuns dos profissionais atualmente é se o seu trabalho poderá ser substituído por um robô. Mas que tal pensar de uma maneira menos negativa? Seu trabalho pode sim ser substituído por um robô, isso pode ser muito bom e vamos te mostrar por quê!

Já pensou se você pudesse trocar as rotinas mais chatas do seu dia a dia por um robô? Ao invés de gastar boa parte do seu tempo em leitura de emails, preenchimento de planilhas e outros processos repetitivos, um robô poderia fazer isso para você e você ter o seu tempo para funções muito mais estratégicas e analíticas. Legal né?

Esta é a proposta do RPA (Robotic Process Automation)!

Batemos um papo com Gabriel Haibi, que é desenvolvedor sênior de RPA na BRQ, e ele deu uma explicação completa sobre esta ferramenta. Como ela pode ser utilizada, que tipos de processos podem ser substituídos e o que você precisa prender para trabalhar com isso.

Confira tudo o que ele disse na entrevista abaixo!

Que tipos de processos podem ser substituídos pelo RPA?

O RPA é uma ferramenta na qual o principal intuito é você substituir trabalhos com grande volume de dados que demandam muito tempo no dia a dia das pessoas. Normalmente são rotinas repetitivas que não necessitam de uma análise profunda. Elas são padronizadas, elas têm um caminho “feliz” e um caminho “triste”, e você mapeia esses caminhos para poder fazer a execução automática desse processo.

O RPA é muito responsivo, ele consegue conversar com todas essas novas tecnologias e isso só faz com que o RPA consiga ser aplicado a qualquer tipo de processo.

Lógico que vai depender muito da análise e da sua priorização. Você não vai robotizar um processo que roda uma vez ao ano. Você vai robotizar um processo que vai gerar um ganho muito alto. Pode ser tanto um processo de leitura de nota fiscal, de boleto ou de qualquer outro documento físico ou digitalizado.

O que a empresa precisa levar em consideração na hora de decidir pelo RPA e escolher o software?

O que a empresa tem que olhar é o quanto de investimento ela está provisionando para a compra da ferramenta. Não basta você simplesmente comprar o software, você tem que ter um servidor, um backup, pode colocá-los na nuvem, você tem que ter os robôs executores, os robôs de produção, você tem que ter todos os ambientes, seja de desenvolvimento, de homologação, testes ou produção. Não basta comprar, você tem que sustentá-las. Você tem que ter um ambiente sólido, estruturado.

É ideal que a empresa faça PoCs (Proof of Concept, provas de conceito em português). Fazendo essas provas de conceito, a empresa consegue ter uma ideia de como são os seus processos internos. Você tem que fazer essas PoCs com todas essas ferramentas, ver a integração de cada uma com todos seus sistemas mais críticos e é assim que você vai construindo a ideia de qual a ferramenta vai atender a sua expectativa.

Feitas as PoCs, você consegue ter uma base sólida técnica a respeito de qual ferramenta te atende melhor, dependendo dos sistemas que tem dentro dela. A empresa tem que levar muito em conta a escabilidade. Qual o plano dela? É ter uma equipe de desenvolvedores de RPA, que vai desenvolver todos os fluxos? Isso pode ser uma fase 1. Uma fase 2 pode ser entregar a ferramenta na mão de um usuário final, que por sua vez vai fazer o próprio robô.  A empresa tem que estar muito focada nisso, tem que entender qual o seu plano de ação, aonde ela quer chegar com o RPA.

Você tem que ver qual o melhor investimento para a área, porque você vai ter que contratar um desenvolvedor para fazer o desenvolvimento, os testes. Decidindo a ferramenta, você tem que ver o ROI (Retorno sobre Investimento) e uma série de coisas que mostram qual o tempo que sua área vai se pagar robotizando os processos, o ganho que sua área vai ter para abater a compra da ferramenta e a contratação do desenvolvedor.

Quais são as semelhanças e diferenças entre o RPA e o Machine Learning?

O RPA foi fundamentado em rotinas repetitivas, ele executa exatamente o que o desenvolvedor pede. É bom ficar muito claro que o RPA é desenvolvido conforme você mapeia cenários e desenvolve o robô e a lógica dele. Se algo fugir desses cenários, o robô vai quebrar.

Só que existe o seguinte, o RPA, conforme os desenvolvedores foram ficam melhores, vem possibilitando uma tratativa de exceção. Caso o robô venha a enfrentar um cenário desconhecido, ele consegue encerrar de forma, digamos, graciosa, sem parar no meio. Ele vai comunicar, tirando um print dessa tela e enviando por email, que o robô quebrou na etapa tal por conta de não ter o cenário mapeado. Ele tem uma forma de finalizar que não é agressiva.

O Machine Learning não é nada mais do que você fazer uma rotina e a cada falha você se retroalimentar e aprender com o que você acabou de fazer. O RPA não é uma ferramenta de Machine Learning, mas se integra com essas ferramentas. O seu RPA pode ser o alimentador desse seu Machine Learning, podendo construir uma arquitetura muito robusta, que se retroalimenta, que se ensina, que se consome.

No caso de atendimentos, o RPA é mais vantajoso que um software de chatbot?

Creio que não, justamente pelo chatbot ser um Machine Learning. Ele foi criado justamente para atendimentos, a estrutura dele é justamente essa de perguntas e respostas, ele tem uma base de dados e pesquisa nessa base algo que contém similaridades com o que o usuário está falando, e responde da melhor maneira.

Para você construir um chatbot, você pode usar como base o RPA. Para você fazer as integrações, fazer as conversas. Você pode fazer uma rotina, por exemplo, em que o chatbot que é um gatilho para a ativação do seu robô. Imagine que você tem um processo no SAP de cadastramento, de emissão de notas. Você recebe uma nota por email e lança esse email para a caixa do robô e conversa com o chatbot para ele ativar o fluxo de cadastramento. Isso tudo que eu falei que só demonstra que o RPA pode ser integrado com todo tipo de ferramenta, inclusive essas tecnologias mais modernas.

Por que softwares de RPA são importantes em empresas que estão em processo de transformação digital?

Como eu te disse, as ferramentas de RPA vieram fundamentadas nas linguagens de programação e elas são altamente responsivas, robustas, preparadas e tem uma infraestrutura muito bem feita. Numa empresa que está em transformação digital, você quer mobilidade, metodologia ágil, dinamismo. E isso tudo pode ser proporcionado pelas ferramentas de RPA. São fáceis de mexer e muito performáticas. As ferramentas, praticamente todas, vêm com uma central que você consegue monitorar em tempo real todas as execuções de todos os seus robôs, quais os motivos de falha ou de sucesso, você consegue acionar robôs, parar robôs, fazer toda a parte de gerenciamento na palma da sua mão.

As ferramentas trazem a comunidade pra dentro da empresa. A comunidade nada mais é do que todos os desenvolvedores que estão utilizando aquela ferramenta. Digamos que eu desenvolvi uma funcionalidade no SAP que acessa uma transação e faz um download de um relatório de centro de custos. Eu, com a minha a proatividade, publico isso na comunidade. Isso fica visível para os demais desenvolvedores que também usam a mesma ferramenta que eu. Ou seja, uma pessoa de outra empresa que tenha o SAP e que necessite fazer algo similar, consegue acessar o meu código para as funcionalidades que ele precisa.

As ferramentas de RPA são muito importantes para quem está querendo transformar, justamente por esse fato de ela ter todo esse suporte, toda essa infraestrutura e ela poder te ajudar a fazer todas as integrações que eu falei.

Quais áreas mais se beneficiam do uso do RPA?

Todas as áreas! Mas, principalmente, áreas que contém rotinas extremamente repetitivas. Áreas de geração de relatórios, tesouraria, contas a pagar, contas a receber, áreas que trabalham com criação de ordens, com cadastramento em banco de dados, com leitura de nota fiscal, leitura de boletos. Todos esses caras são fortíssimos candidatos a receber o RPA.

Que tipos de sistemas podem ser substituídos pelo RPA?

Macros de Excel podem ser totalmente substituídos pela RPA. Algumas funcionalidades de sistemas podem ser facilmente substituídas. Eu gosto de falar que o RPA é uma ferramenta que veio para suprir o que esses softwares não têm. Automatizações no software às vezes saem muito caro. E se você implementa o RPA, você já matou o seu problema. Ele é um facilitador.

Você não consegue substituir por completo um sistema. Você acopla o RPA ao sistema e faz o que você quiser. Ele é uma funcionalidade, não um gadget. Existem diversas funcionalidades nos sistemas e é muito difícil conseguir mapeá-lo por completo e substituir tudo que ele faz pelo RPA. É possível, só que demanda muito tempo, muito esforço e isso não é o desejado.

O que eu preciso aprender para começar a trabalhar com RPA?

O RPA é uma área em que você precisa ser bem autodidata. Uma área em que você está constantemente estudando, constantemente mexendo em novas tecnologias, tirando certificações, fazendo cursos. Como ele se integra com qualquer tipo de sistema e qualquer tipo de tecnologia nova, você precisa entender de todas essas tecnologias pra ser um melhor desenvolvedor.

Eu iniciaria com um curso básico de lógica, lá eu aprenderia um pouquinho da linguagem C#. Depois eu entraria nos sites das ferramentas UiPath, Blue Prism, Automation Anywhere e começaria a fazer cursos. As próprias ferramentas disponibilizam algumas gratuitas e outras pagas, os cursos básicos. As ferramentas têm um poder absurdo e você só começa a conhecê-las realmente depois de uns dois ou três anos na área.

Eu estou na área de RPA há cinco anos e já passei por muita coisa. É uma área fantástica, que está em um crescimento absurdo, e eu recomendo todo mundo começar a aprender isso porque ele vai substituir grande parte das rotinas dos usuários.

O pessoal tem muito a visão de que o RPA veio para tirar empregos. Não concordo, ele veio para tirar as rotinas repetitivas das pessoas, que não demandam tutano. Você acaba tirando a pessoa de fazer essa rotina, de abraçar o operacional, para que ela possa pensar analiticamente em novas soluções. Você livra a cabeça da pessoa para ela pensar em coisas que realmente vão fazer a diferença.

O RPA é algo extremamente bom, só que ele tem que ser vendido da forma certa. Em muitas empresas isso não acontece e os funcionários acham que serão demitidos, que o trabalho deles será substituído pelo robô. Isso é impossível de acontecer: as pessoas têm a cabeça e o robô não tem. Nunca faltarão trabalhos de monitoramento, de sustentação, de suporte a esses robôs.

O RPA em si é uma metodologia que só vai crescer nos próximos dez ou vinte anos. É uma ferramenta que tende a se integrar completamente com inteligências artificiais, é algo que vai ficar bem robusto, muito responsivo e vai ser capaz de coisas que a gente nunca viu. Estamos no início de uma revolução nas indústrias, que é o surgimento dos robôs, e isso vai crescer exponencialmente. Isso vai mudar o nosso jeito de trabalhar e aprender!

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