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Cultura Organizacional x Salário: o que pesa mais para você?

Segundo informações da Harvard Business Review, pesquisas mostram que a felicidade e a satisfação no trabalho podem aumentar a produtividade em 31%, bem como aumentar a precisão nas tarefas em 19%. Além disso, a felicidade no trabalho pode levar a melhores avaliações de desempenho e consequentemente salários mais altos. Mas a questão é: em meio ao estresse e aos inúmeros desafios que enfrentamos no mundo profissional, como sentir-se feliz e satisfeito no trabalho para chegar a tais estatísticas?

Convidamos Talita Tofanelli, profissional de RH e especialista em mentoria, transição e planejamento de carreiras na GPS Coaching e Carreira, para nos ajudar a entender um pouco mais sobre felicidade versus mundo profissional, esclarecendo pontos relevantes. “Um dos principais passos é a pessoa ter identificação com o seu trabalho, pois isso é o que pode amenizar diversas outras questões ao longo do tempo”, diz a profissional.

Afinal, o que é felicidade e satisfação no trabalho?

Você já parou para pensar quanto tempo, em média, nós passamos trabalhando ao longo de nossas vidas? Considerando que a expectativa de vida média de um brasileiro é de 76,3 anos – dados do IBGE – e que nossa jornada de trabalho corresponde a 1.737 horas anuais, é muito tempo para se sentir infeliz, né? Por isso, é fundamental ponderarmos o que realmente significa felicidade e satisfação no trabalho para cada um de nós.

De acordo com Talita, não existe uma formula mágica para isso, “Felicidade é algo que construímos ao longo do tempo, todos os dias, pois vivemos em um mundo de constantes mudanças. Chegar lá (ser feliz) não significa que você estará lá para sempre, mas significa que você encontrou um caminho. E para mim a jornada é coisa mais importante nesse sentido.”, ela diz.

Procure um propósito e encontre a felicidade

Como complemento ao que é felicidade no trabalho, a profissional diz que encontrá-la pode estar relacionado com o entendimento e alinhamento de quatro vertentes em busca de um propósito.

“Existe um conceito que eu gosto muito de trabalhar chamado ikigai, que em japonês significa “vida com propósito” ou “razão de viver”. Basicamente, baseia-se na ideia de encontrar um trabalho que consiga atender a esses quatro pontos: fazer o que ama, ser bom no que faz, ser recompensado de acordo com suas expectativas e agregar valores para outras pessoas.” Aponta Talita.

Ainda assim, muitos pensam na felicidade como algo ilusório, distante do trabalho, em uma viagem relaxante à praia ou até mesmo um passeio descontraído com os amigos. Mas preste atenção: isso são apenas sensações de prazer momentâneas, ou seja, na realidade é apenas uma parte da equação da felicidade proporcionada pelo trabalho. Afinal, para estar na praia você precisar ganhar dinheiro e, só depois, desfrutar da recompensa.

“Se uma empresa está com problemas financeiros e eu não ganho exatamente aquilo que eu gostaria de ganhar, mas eu faço algo que tenha valor para mim e me entrego para aquilo, com uma identificação com o trabalho realizado e com um propósito definido, isso pode amenizar outras questões ao longo do tempo.”. Diz a profissional.

Tendo em vista os comentários da profissional, podemos concluir que a felicidade nada mais é do que uma combinação de prazer e um propósito de vida. Enquanto momentos como férias na praia podem nos dar prazer, um trabalho com valor pode nos dar um propósito para seguir em frente e consequentemente agregar em muitos momentos fora do trabalho.

Cultura organizacional X Salário e Benefícios

A 4ª edição da pesquisa Millennial Survey, feita pela consultoria Deloitte, mostra que a geração dos “Millennials” ou “Geração Y”, referente aos nascidos entre 1980 e 1995, é composta por um conjunto de profissionais que está constantemente trocando de emprego e procurando por empresas que se concentrem menos em seus próprios negócios e pensem mais no coletivo e em ações de responsabilidade social. Ainda de acordo com a pesquisa, 83% desses jovens acreditam na ideia de criar um propósito em comum entre colaboradores e empresas. Apenas 28% dos entrevistados afirmam que as organizações utilizam 100% de sua capacidade para atingir tal objetivo.

Em uma pesquisa da Glassdor, realizada em agosto de 2019, 81% dos profissionais brasileiros colocam a missão e o propósito de uma empresa em primeiro lugar quando vão se candidatar para uma determinada vaga. Além disso, 61% consideram a cultura organizacional mais importante do que o salário.

Segundo Talita, a cultura pode sim influenciar em uma decisão, mas ela não influencia da mesma forma todas as pessoas. Por exemplo, em uma empresa que tem uma cultura de muita competitividade com foco em resultados, pode agradar pessoas que tenham esses valores, tendo satisfação em entregar tais atividades. Agora se você não se enxerga nesse perfil, a vaga não é para você.

“A cultura é importante, mas o mais importante é que as pessoas estejam identificadas com essa cultura. O que acontece muitas vezes é a falta de alinhamento entre o que a empresa espera e o que as pessoas estão dispostas a entregar. Essa desconexão faz com que as pessoas migrem de uma empresa para outra. Falta olhar as entrelinhas”. Afirma a especialista.

Hoje nós temos uma cultura, e até mesmo uma crença, de que não existem empregos e espaço para todo mundo no mercado. Talita complementa “Infelizmente, hoje eu diria que a maioria das pessoas é atraída pela estabilidade, pelo salário e benefícios. Isso acontece justamente pela identificação de valor e habilidades pessoais, a fim de alcançar um propósito. Isso é a forma rasa de ver o trabalho: ter um salário legal e benefícios bons o suficiente para viajar no final do ano.”.

Sem estresse: equilíbrio é a chave para o sucesso

Quando falamos em “crescer na vida”, ou na carreira, existem vários paradigmas, e até mesmo certa pressão envolvida. Talita explica: “Pode ser crescer em termos de ser uma referência naquela área, em termos de conhecimento, em termos de salário ou cargo. Mas o ponto principal é alinhar os valores pessoais com o trabalho que você está fazendo. Esse é um crescimento sustentável, você cresce, pois existe um caminho alinhado com aquilo que você é como essência.”.

Então, lembre-se: ser bem sucedido não é garantia de felicidade. “Temos uma pesquisa que mostra que 72% dos empregados brasileiros estão infelizes com seus trabalhos. Essa infelicidade resulta em absenteísmo, problemas de saúde relacionados à depressão e ansiedade, doenças psicossomáticas, etc. Isso significa, onerar plano de saúde e falta de produtividade, influenciando na economia e nos resultados das empresas.” Complementa a profissional.

Sendo assim, é preciso que a organização ofereça um caminho apto para ser percorrido. Algumas startups, por exemplo, podem assumir um ritmo acelerado para atingir seus objetivos, em meio a uma cultura organizacional disruptiva, e muitas vezes focar no bem-estar físico e na felicidade momentânea de seus funcionários como uma forma de alivio para o estresse gerado pelo trabalho do dia-a-dia. Isso é bom, mas é importante que os lideres da empresa se atentem para não deixar de lado outros pontos também muito importantes para os colaboradores, como saúde mental e senso de propósito.

De acordo com Talita, “O estresse é hoje o principal causador de problemas e doenças no ambiente de trabalho. É a doença do século eu diria. E, para mim, o que a empresa pode fazer para evitar esse tipo de coisa é ter um ponto focal voltando para as pessoas, e isso só é possível quando existe uma lógica de liderança envolvida. O que as empresas podem fazer é investir na liderança, ou seja, ter líderes que estejam orientados para pessoas. Estes líderes vão conseguir entregar formas diferentes de dar qualidade de vida para a sua equipe.”.

Em outras palavras, é essencial conscientizar os lideres a levantar questões sobre equilíbrio entre vida profissional e pessoal, assim como ambiente de trabalho e benefícios. Hoje em dia, reconhecer que a felicidade precisa existir em harmonia e não substituir nossas outras necessidades é fundamental para manter uma vida equilibrada.

Lembre-se: você é a prioridade!

Quer ser mais feliz no trabalho? Então tome uma atitude você mesmo! Se o seu empregador não o valoriza ou apoia o que é felicidade para você, então talvez seja o momento de optar por um emprego que essas vontades sejam atendidas. Busque por uma organização que ofereça uma cultura organizacional que faça sentido para você e, claro, seja favorável às suas necessidades e valores. A frase anterior pode até soar de forma clichê, mas na prática é a fórmula da inteligência emocional atrelada a um trabalho em que você se sinta pertencido.

A grande sacada é rever suas prioridades e tentar, de forma ativa, trazer felicidade ao seu trabalho, para que você possa ser um profissional mais eficaz e colher os benefícios disso, aproveitando mais o seu tempo... Ou melhor, todas as horas dele!

 

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