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Futebol 4.0? Como a tecnologia criou novos negócios e um novo jeito de torcer

“Ódio eterno ao futebol moderno”. Esta frase é praticamente um lema dos torcedores do Juventus, time da região da Mooca, que frequentam o modesto estádio da Rua Javari. Lá, o amor pelo futebol de décadas anteriores é praticamente uma resistência aos avanços que os grandes times de São Paulo estão experimentando.

Estamos vivendo uma época em que tudo ganha o apelido “4.0”. Talvez seja forçar a barra falar em “futebol 4.0”, mas, sem dúvida, houve uma mudança gigantesca na forma como ele é gerido e como o torcedor tem se relacionado com sua paixão, muito por conta da tecnologia.

Hoje em dia, há uma interação em tempo real entre torcedores e jogadores, clubes ou imprensa, os streamings entraram com força no mercado de direitos de transmissão e até a experiência da ida ao estádio também se modernizou, gerando comportamentos curiosos, como a dúvida entre comemorar ou não um gol por conta do árbitro de vídeo.

Nesta matéria, vamos mostrar como os modelos de negócios do mundo do futebol se modernizaram com o uso recente de novas tecnologias. Confira!

Estádio não, arena!

As novas construções, a maioria feita para a Copa do Mundo de 2014, não mudaram somente a forma como chamamos o lugar onde acontecerá o jogo. Essas modernas arenas trouxeram uma nova forma de se acompanhar as partidas. O torcedor planeja a sua ida ao jogo como se planejaria para ir a um show: comprando antecipadamente, escolhendo uma cadeira numerada.

Mas isso também gerou um aumento no valor dos ingressos, o que resultou na popularização do sócio torcedor. O modelo prevê um pagamento mensal ao clube que gera benefícios ao torcedor, como a possibilidade de adquirir ingressos gratuitamente, dependendo do valor da assinatura. Também reduz a ação de cambistas, já que é a própria carteirinha do sócio que será usada no acesso à arena.

Catracas mais modernas, sistema de câmeras e reconhecimento facial também facilitam a identificação de torcedores que se envolverem em brigas dentro da arena, impedindo até o seu retorno em jogos futuros, gerando assim mais segurança nos jogos.

Onde vai passar o jogo?

Durante décadas, a transmissão esportiva ficava resumida a dois ou três canais na TV aberta. Na década de 1990, a TV fechada entrou no mercado como nova alternativa e trazendo esportes que antes eram exibidos somente em épocas de Olimpíadas. Somente 20 anos depois surgiu a opção do streaming, que entrou no mercado tirando grandes campeonatos dos players tradicionais e fazendo torcedores mudarem seus hábitos.

Somente nesta temporada, o Facebook Watch garantiu os direitos de transmissão dos maiores torneios continentais do mundo, a Libertadores e a Liga dos Campeões, atingindo índices de mais de 1 milhão de espectadores simultâneos. O DAZN, que chegou ao Brasil como uma espécie de “Netflix esportivo”, conta com partidas que vão desde a Copa Sul-Americana à Série C do Brasileirão.

Com o público se acostumando a ver transmissões por computador ou mobile, não só novos players surgem como os tradicionais se reinventam. A Fórmula 1, por exemplo, lançou seu streaming para lançar conteúdo extra, documentários e exibição de corridas clássicas. Alguns times também trabalham com a possibilidade de poder transmitir seus próprios jogos em seus canais no Youtube ou streamings próprios.

Chama o VAR!

Uma situação tornou-se comum nos estádios dos principais campeonatos ao redor do mundo. Um gol sai, a torcida comemora, mas logo é calada por conta do gesto do gesto que indica que o lance será revisado. Caso o árbitro valide o lance, novamente uma festa na arquibancada e grito dos narradores.

Apesar da situação curiosa que o árbitro de vídeo (o popular, VAR) gerou, o sistema é a maior novidade do futebol atual. Outra tecnologia que tem ajudado os árbitros a deixar o jogo mais justo, é o chip que avisa o juiz se a bola realmente entrou no gol ou não.

Mitei!

Comemorar um gol é um comportamento que existe desde que Charles Miller desembarcou no Brasil com uma bola e um livro de regras. Mas, comemorar passe certo, roubada de bola e assistência de cada jogador, mesmo que não seja do seu time do coração, só o “fantasy” foi capaz de conseguir!

Este tipo de jogo, em que os jogadores pontuam conforme o desempenho dos jogadores em campo, já é bem popular há anos nos Estados Unidos entre os fãs de futebol americano e basquete. Aqui no Brasil, o fantasy mais popular é o Cartola, que hoje conta com cerca de cinco milhões de jogadores. Para ter uma ideia da sua dimensão, se o Cartola fosse um time, ele teria a sexta maior torcida do país.

O jogo aproximou o público - antes acostumado em ver apenas as partidas do seu time ou do adversário - do Campeonato Brasileiro como um todo, gerando mais audiência às emissoras. E também popularizou a estatística como um indicador de desempenho do jogo, transformando o debate esportivo numa grande análise de números.

E o que mais pode surgir?

A tecnologia cresce num ritmo tão acelerado quanto o contra ataque de um time que precisa de um gol, isso não é novidade para ninguém. E muitas das coisas que listamos neste artigo sequer existia há quatro anos. Então, o que mais pode surgir? Uma reportagem do jornal inglês The Telegraph fez este exercício e imaginou como estará o futebol em 2028.

O jornal vislumbra a possibilidade das emissoras ficarem cada vez mais próximas do campo, com drones, câmeras na bola, tornando a experiência visual da partida muito mais rica.

Se a arena se propõe a oferecer um espetáculo ao torcedor, como aprimorar essa experiência? A publicação sugere sensores de vibração nas cadeiras – tal como nos cinemas 4D – e o uso de óculos de realidade aumentada, para acompanhar dados e até replays, uma experiência de TV dentro da arquibancada.

A verdade é que este pode ser o melhor momento para se investir em esporte - não só o futebol -, permitindo uma série de iniciativas e ideias que não estão fechadas às mesmas marcas, clubes ou grupos de mídia. É a chance de surgir novos craques também nos negócios.

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