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Eles estão chegando! Confira como as empresas podem se preparar para a entrada da Geração Z no mercado

Nascidos a partir de 1995, a Geração Z está pouco a pouco se inserindo no mercado de trabalho. Esta nova leva de profissionais traz novas características e comportamentos se comparados à geração anterior, os millennials.

Eles vivem em contato intenso com a tecnologia desde crianças e se importam demais com questões sociais, desejando que as empresas onde irão trabalhar ou consumir produtos estejam alinhados com seus propósitos.

Conversamos com cinco profissionais que trabalham com a Geração Z para entender o que as empresas precisam fazer para conseguir atrair estes novos profissionais, o que eles podem agregar de positivo às equipes e como evitar o conflito de gerações. Confira!

Quem precisará se adequar à chegada da Geração Z ao mercado: as empresas ou os jovens?

Bruno Hoera  (Fundador da Portland) - Acredito que para a gente pensar no novo, precisamos fazer parte dele. A adequação do mercado deve vir dos dois lados: as empresas aprenderem a ouvir quem traz novas formas de pensar e os jovens encontrarem argumentos para convencerem que suas ideias têm valor quando misturadas às experiências de quem já está no mercado.

Silmar Strubbe (Diretor e Fundador da Strubbe Consultoria) - Na minha visão, a adequação deverá ser da empresa, porque essa geração encontrará empresas muitas vezes com características e perfil de atuação, onde predominam as formas tradicionais e engessadas de atuar, preso a regras e normas nada flexíveis quanto a horários de trabalho, plano de carreira e metas. Também irão se deparar com estilos de lideranças com postura, pensamentos opostos ao seu, devido à cultura tradicional e muitas vezes nada motivacionais existentes nas empresas. Essa realidade vai à contra mão da Geração Z.

Patricia Romancini (Consultant Manager na Cortex e Professora na Live University) - Ambos. As empresas certamente deverão se adequar não apenas ao novo perfil de profissionais que estão chegando ao mercado, mas também ao novo consumidor da mesma geração. Mas o profissional deve sempre ser flexível e entender que as empresas também estão vivendo este momento de transformação. Dificilmente encontrarão o mercado de trabalho totalmente adequado a esta nova realidade.

Karen Vasconcelos (Consultora de RH) - Vejo como uma via de mão dupla, pois, ambos têm o que aprender e o que ensinar. A adaptação deverá ser mútua, porém é desafiadora.

O desafio dentro das organizações não tem sido apenas com os profissionais da geração Z, mas com a interação de tantas gerações com valores e motivações tão distintas em um mesmo ambiente. Esta diversidade de gerações é algo que as organizações estão vivendo pela primeira vez.

Vejo que muitas destas que já estão passando por este processo estão se adaptando e revendo seus processos de gestão, sua cultura organizacional, políticas de RH sendo reformuladas. Também observo que devido a todo contexto de crise, inovação e concorrência, muitas organizações estão buscando mais em se adaptar para poder atrair, porém ainda patinam na relação para reter.

Não adianta uma organização criar uma falsa publicidade de engajamento para atrair, se este profissional entrar na organização e observar que ela é engessada, cheia de burocracias, não existe flexibilidade, sua atividade não gere valor. Dificilmente esta organização irá reter este profissional.

Vicente Esteves (HRD e Coach Executivo na Maestria) - Gosto de acreditar que vamos todos nos encontrar no meio do caminho e seguir de mãos dadas dali em diante. Utopia, eu reconheço. A grande questão é que os jovens talvez não tenham a maturidade para entender que às vezes precisamos ceder. Por outro lado, para conseguir se posicionar de forma atrativa para os jovens, as empresas começam antes os ajustes de estrutura, cultura, posicionamento estratégico de marca empregadora e muitos outros aspectos. Assim conseguem parecer um lugar onde os jovens queiram estar, agregar e contribuir. Estando lá dentro, outros pontos vão passar pelos ajustes necessários, da mesma forma que aconteceu com a entrada de gerações anteriores.

O que essa nova geração de profissionais pode agregar de positivo às empresas?

Bruno Hoera - Aposto na diversidade e inteligência cultural como o principal diferencial desses jovens. Da diversidade de pessoas, referências e histórias de vida que conseguimos evoluir internamente nas empresas e também como sociedade.

Silmar Strubbe - A grande vantagem é que uma geração que traz mudanças benéficas e desafios para o ambiente corporativo. O dinamismo, a flexibilidade e a interatividade desses profissionais contribuem para o aumento da produtividade do negócio. Além disso, o manejo habilidoso de diferentes ferramentas tecnológicas tende a otimizar a comunicação e o desempenho de tarefas no trabalho.

Assim as organizações tendem a criar uma cultura de criatividade e inovação, características estas presentes nesta geração, e algo considerado como fator competitivo no contexto corporativo atual.

Patricia Romancini - Esta nova geração de profissionais traz um novo ritmo para as empresas, mais facilmente adaptada a uma gestão ágil. A Geração Z traz também uma gestão de conhecimento digital, buscando e produzindo conhecimento em diferentes formatos. As informações por sua vez são direcionadas e medidas por dados, já que atualmente temos acesso a tecnologias capazes de medir e rastrear em tempo real muito do que acontece tanto no mundo virtual quanto real. E este novo profissional já entra no mercado de trabalho com este foco e orientação. Cabe às empresas dar espaço e subsídios para fomentar esta mudança de hábito e atitude, que pode levar a uma transformação importante e necessária. Quem não se transformar, pode perder espaço e mercado.

Karen Vasconcelos - Muita coisa, sem dúvida! Até mesmo porque todas as gerações têm a agregar. Mas falando especificamente dos Z’s, eles têm como um dos seus valores principais a diversidade, eles respeitam a individualidade e entendem as diferenças, acho isto incrível!

Eles são mais espontâneos, verdadeiros e sem muito “dedos” para dizerem o que pensam. Em resumo, transparência! E vejo isto de forma muito positiva.

Porém reflito que nem todas as organizações estão preparadas para isto ou sabem lidar bem com este comportamento, temos muito a evoluir.

Vicente Esteves - A GenZ é uma turma muito criativa e dotada de alta inteligência emocional. Isso traz três grandes facilidades em termos de competência: facilidade com a solução de problemas complexos, alta habilidade para resolução de conflitos e capacidade de negociação aguçada. E também o fato do envolvimento forte com o móbile, que traz um grau de conectividade que vai ajudar as empresas a encontrar fora da organização o que precisa para atender demandas internas.

O que a empresa pode fazer para manter o equilíbrio entre gerações diferentes na equipe?

Bruno Hoera - Acredito que cada um tenha o seu espaço e papel dentro de uma corporação. Criar programas internos de formação é uma forma de mostrar para cada um que todas as gerações são necessárias e têm a aprender umas com as outras.

Silmar Strubbe - Para manter o equilíbrio entre as diferentes gerações, as empresas devem apostar em ambientes abertos, flexíveis, conectados, onde possa interagir e compartilhar, contar e ouvir histórias de vida, entender o porquê da atividade e qual será seu real propósito das diferentes gerações.

Criar ambientes para uma convivência harmoniosa e eficiente, os embates devem ser evitados. Assim, para manter o equilíbrio entre gerações, a empresa, através do gestor, deve, primeiramente, entender suas demandas e características para, só depois, buscar estratégias com o intuito de aproveitar melhor as habilidades e os pontos de vistas de seus componentes em favor do negócio. O diálogo com a equipe é fundamental para o gestor conseguir alinhar as metas da empresa às especificidades dos profissionais que a compõem.

Patricia Romancini - Uma equipe com profissionais de diferentes gerações é o melhor cenário, mas um bom gestor deve saber aproveitar as qualidades de cada perfil e proporcionar um ambiente propício à troca de experiências entre estes profissionais. A mentoria, por exemplo, não deve existir somente do profissional mais experiente para o menos experiente, mas em todas as mãos de direção. Ou seja, o profissional que está chegando pode contribuir muito para a inclusão digital de profissionais mais experientes.

Karen Vasconcelos - Rever antigos modelos de gestão e implementar novas políticas de RH. As gerações anteriores estão sentindo-se ameaçadas pelas novas gerações, e não tiro a razão. As organizações precisam rever isto!

Precisamos criar times ricos em diversidade, onde exista a troca e compartilhamento, um ambiente colaborativo de inclusão. Engajamento entre as gerações cria a troca, gerando a riqueza de conhecimento que só leva a organização ao crescimento.

Mais velhos agregam com sua inteligência emocional, maturidade, experiência e sabedoria adquirida com a vivência dos anos de vida coorporativa. Os mais velhos conhecem a realidade do mundo corporativo, sabem que a vida offline requer muita habilidade que os Z’s ainda não possuem e podem aprender.

Já os mais novos além da habilidade tecnológica que já falamos, trazem fôlego, oxigenam a organização com suas ideias inovadoras, possuem o comportamento empreendedor, tendo um perfil mais independente, propondo ideias e desenvolvendo projetos.

A meu ver, a organização que conseguir somar os pontos positivos de cada geração, criando um ambiente de integração e inovação, está no caminho da galinha dos ovos de ouro.

Vicente Esteves - A forma mais prática é usar de maneira adequada as melhores habilidades de cada população. GenZ gosta de tecnologia e conectividade com outras tribos, é uma turma boa para papéis de front office ou com contato com o público. GenX tem um viés mais técnico, então é quem vai melhor se adaptar para trabalhar com infraestrutura, por exemplo. Entender onde cada um vai aproveitar melhor as suas habilidades é primordial para uma equipe mista de sucesso. E para isso é importante conhecer as pessoas, que vai um pouco além de simplesmente conhecer diferenças geracionais.

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