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Como estará a área de Compras daqui a cinco anos?

Os executivos mais eminentes do Brasil lhe respondem!

Existe algo mais vezes repetido do que “a tecnologia está mudando o mundo”? Talvez só que “esse processo ocorre muito mais rápido do que ocorria antigamente”... Já estamos cansados de ouvi-lo, mas, de fato, é uma verdade irrevogável. Todos os níveis das relações humanas são transformados aceleradamente pela evolução tecnológica. Mas por que estamos falando sobre isso em um blog de Supply Chain e Compras?

Em primeiro lugar, claro, porque essas áreas vêm, nos últimos anos, recebendo muitas inovações, que transformam toda a cadeia. Mas o motivo principal é introduzir uma opinião quase consensual, observada nos depoimentos de alguns dos executivos finalistas do Prêmio Inbrasc, quando perguntados: “como você enxerga a área de Compras nos próximos cinco anos?”. A resposta é de se imaginar: quase todos destacaram aspectos relacionados à tecnologia.

Além disso, você, profissional de Compras, terá muito mais importância dentro das empresas, atuando de forma mais estratégica. Confira abaixo a opinião desses especialistas!

 

Augusto Nogueira, diretor de Compras da Novelis

A meu ver, as áreas de Compras de todas as empresas globais de médio e grande porte passarão por importantes mudanças nos próximos anos e as compras táticas que não geram muito valor para estas empresas praticamente se tornarão operações automáticas, feitas por ferramentas eletrônicas. A cada dia que passa isto se torna mais real no dia a dia das áreas de Compras das empresas, porém, acredito que nos próximos cinco anos teremos uma aceleração muito grande nesta mudança e imagino que o comprador tradicional de itens táticos praticamente desaparecerá de nossas empresas. Por outro lado, acredito que haverá um aumento no número de compradores trabalhando na geração de projetos de savings em parceria com os fornecedores de forma a agregar valor para as empresas naquilo que as torna realmente competitivas.

Ou seja, a grosso modo pode-se dizer que o comprador tático irá sumir de nossas empresas e dará lugar ao comprador mais técnico e estratégico.

No que diz respeito à tecnologia, entendo que veremos crescer de forma significativa a utilização de ferramentas de internet associadas a empresas globais que trarão para o mundo corporativo aquilo que a Amazon.com já é para o mundo do consumo.

 

Renato Gomes, superintendente de Compras na CSU

Como tem ocorrido nos últimos anos, a especialização e importância dos profissionais da área de Compras tende a aumentar, por conta da participação direta nos resultados das empresas, com efetiva presença na tomada de decisão de projetos estratégicos.

A área de Compras passará a exercer o papel de suporte estratégico, como especialista em finanças, mitigador de risco, agente de relacionamento, consultor, agente de integração e de inteligência, protetor de ações contra fraude e meio ambiente e especialista jurídico.

Será também responsável pela busca de alternativas e soluções para as causas-raízes dos seus problemas internos e de seus clientes, através dos seus contatos, buscar informações de diferentes fontes, que alimentarão as possíveis análises do mercado fornecedor de determinada categoria que se pretende investigar.

Este será o importante papel da área de Compras, não esquecendo as atividades mais comuns como: otimização da cadeia de fornecimento, utilização de ferramentas de suporte tanto operacional quanto estratégico, gestão macroeconômica e mitigação de riscos.

 

Juliano Tessaro, head de Compras na Navistar

Tenho uma visão disruptiva, vejo a área transformada pelo impacto tecnológico. O uso da tecnologia irá mudar radicalmente a forma de fazer negócio e também impactar diretamente os processos da área de compras. Exemplos:

- Block chain para validar contratos, ordens de compra e pagamentos;

- Mobilidade de sistemas – domínio de SAAS, compradores não usarão mais computadores, apenas smartphones – cotação, market place, e-mail, leilão, aprovação de preços, POs, tudo via APP no celular;

- Uso das redes sociais nos relacionamentos com os fornecedores;

- Monitoramento remoto de fornecedores através de IOT – Internet Of Things. Estaremos muitos mais conectados ao processo produtivo dos fornecedores, teremos mais informação de estoques, transportes, e talvez até informação realtime da máquina que está produzindo nosso produto com acesso a logs de produção e qualidade;

- Validação remota de fornecedores com drones, google street view, entre outros.

 

Marcos Lima, vice-presidente de Compras e Logística da Leroy Merlin

Estamos estruturando a área de compras em três pilares fundamentais:

Excelência do time de compras: time de alta performance com objetivos alinhados com a estratégia da empresa para ser um catalisador não só para a geração de valor, mas para a sustentabilidade dos mesmos.

Excelência nas categorias: aplicação do strategic sourcing com as alavancas mais poderosas de otimização de custos.

Excelência dos Fornecedores:  gestão do relacionamento com fornecedores como diferenciador para gerar vantagem competitiva. Nesse contexto, acreditamos que a área de Compras do futuro deva ter as seguintes características:

a) Colaborativa: maior relação de participação cotidiana entre o fornecedor e comprador, troca de dados online e eletrônica, planejamento e metas alinhadas e compromissadas, responsabilização definida e negociada com indicadores de performance exigentes com foco em resultado e eficiência operacional com o objetivo de gerar maior influência no planejamento de produção do fornecedor e redução de custo na cadeia.

b) Ágil e eficaz: fluxo de compra e abastecimento com fluidez e sem interferências comerciais, financeiras, tributárias que são inerentes ao processo de renegociação de ônus e bônus bilaterais;

c) Preditivo: alavancagem de big data e inteligência artificial para evolução do planejamento de compras através da gestão, acurácia e cruzamento de dados do produto, performance e segmentação cliente/consumidor (perfil e comportamento), compras planejadas/antecipadas para diferentes canais de venda;

d) Evolução ao modelo no ambiente Omnicanal: ter um processo de compra que permita que o cliente possa ser atendido da forma desejada com o prazo e custo escolhido;

1.Perfil de compra e cadeia de abastecimento com valor na antecipação da venda preditiva (poucos itens grandes volumes) estoque regulador no canal de venda;

2.Perfil de compra e cadeia de abastecimento com valor no atendimento da última milha (muitos itens poucos volume) estoque regulador dedicado no fornecedor;

e) Agente catalisador de mudanças através da liderança de esforços multidisciplinares na organização;

f) Maior papel estratégico: maior influência e participação nas decisões estratégicas da companhia, por exemplo, inovação, portfólio de produtos/ categorias, margens, precificação e desenvolvimento de fornecedores;

g) Visão integrada end-to-end: entendimento dos trade-offs em cada etapa da cadeia de valor para a tomada de decisão, ou seja, considerar não somente a etapa de compras, mas toda a parte de armazenagem/distribuição, execução nas lojas e experiência do consumidor, principalmente em um contexto omnichannel.

 

Mario Jofre, diretor de Compras da Vale

O atual ambiente de negócios, cada vez mais volátil e desafiador, tem nos forçado a repensar constantemente nossas práticas e modelos de sucesso. Estar em um país de economia frágil e inflacionária, nos dispondo a competir globalmente, exige que façamos mais e que busquemos nos reinventar, quebrar paradigmas e estarmos abertos ao aprendizado constante. Trata-se de um processo contínuo e árduo, pois buscar a mudança quando as coisas vão mal é intuitivo, mas querer se reinventar quando as práticas de hoje são o motivo de nossos bons resultados pode parecer um contra-senso, sendo, entretanto, a única forma de sobreviver a longo prazo.

Dentro desta nova realidade, vejo que Suprimentos tem assumido um papel cada vez mais estratégico e transformador dentro das empresas. O fato de estarmos interagindo diariamente com o mundo exterior tem nos permitido conhecer novas práticas e realidades passando a ser o canal mais eficiente de questionamento do status quo, de internalização das boas práticas externas e de inovação.

Nossa participação na busca pela melhoria de competitividade de nossa empresa não pode se limitar mais à aplicação das melhores e mais modernas técnicas de suprimentos e comprarmos bem. É fundamental que entendamos a realidade operacional de nossa empresa, que atuemos de forma próxima e colaborativa junto a nossos clientes internos, que compremos o que realmente é necessário e que incorporemos as novidades do mercado. Acompanhar a execução dos serviços e o perfil de consumo dos materiais passa a ser também fundamental como forma de garantir a captura dos ganhos inicialmente negociados.

Acredito que a automatização de processos e controles é o caminho natural na busca por maior produtividade da equipe de suprimentos e na garantia de utilização de processos transparentes e aderentes às melhores práticas de Compliance, evitando erros e ações indesejadas sob ponto de vista ético.

Finalmente, na medida em que as funções se tornam mais complexas e a necessidade de interação  interna e externa aumentam, vejo o profissional de suprimentos desenvolvendo um  perfil multidisciplinar e versátil, com visão mais abrangente do negócio e dos processos da empresa, o que por um lado o habilitará a galgar funções executivas de liderança  em outras áreas da empresa e por outro tornará a área de Suprimentos o destino preferido dos novos talentos que adentrarem a empresa na busca da construção de uma carreira de sucesso.

 

Claudio Ferreira, head de Compras da J Macedo

O Departamento de Compras seguirá consolidando o seu destaque e relevância dentro das organizações, principalmente em função da importância de otimizarmos a cadeia de suprimentos.

Baseado nisto em 5 anos a capacitação das equipes nas metodologias modernas de compras bem como o desenvolvimento das características comportamentais que permitam aos compradores um papel de protagonismo nas organizações atingirão um nível no qual serão facilitadores para a maior participação de CPOs em conselhos de empresas, bem como executivos de Compras em posições de CEO.

 

Ricardo Patané, head de Compras Indiretas do McDonald’s

Falando do varejo e do mercado concorrente, entendo que há muito o que evoluir, as empresas ainda estão tentando entender o motivo da existência desta área, como usá-la além de uma área de negociação, estão começando a entender que podem nos usar para aprovar o orçamento do ano (confrontar com o pleito dos departamentos gestores de contrato), como projetar e controlar os custos da empresa usando o suporte de compras.

Ainda percebo que o potencial que Compras pode agregar é enorme, e vejo que, num ambiente de crise, a área ganha ainda mais importância, participando inclusive de discussões do planejamento estratégico da empresa, podendo ser usada inclusive para debater com as áreas técnicas.

...

Como é possível notar,  esses executivos acreditam que a área Compras tem um potencial enorme de crescimento dentro das empresas, até porque, embora sejam vitais para o atingimento de bons resultados, não são tão valorizadas.

É importante atualizar-se constantemente, tanto no que diz respeito à tecnologia - com as aplicações de ioT e Blockchain, como ressaltou Juliano Tessaro - como ao papel estratégico da área, destacado por quase todos os diretores. Você está pronto para acompanhar esse futuro? Conte para nós!

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