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65 anos sem Alan Turing: pai da computação e profeta do Machine Learning

Nesta sexta-feira (7), completam-se 65 anos do falecimento do inglês Alan Turing, considerado o “pai da computação”. Ele foi matemático e responsável por desenvolver as bases de programação que deram origem aos computadores como conhecemos.

Muitas de suas ideias e estudos estão presentes na nossa relação com a tecnologia hoje em dia. E não estamos falando apenas de códigos binários e criptografia, mas de coisas que estamos nos acostumando ainda a conviver, como Inteligência Artificial e Machine Learning. Então, seria exagero dizer que “o pai da computação” previu o futuro?

 

“Um computador só mereceria ser chamado de inteligente se conseguir enganar um humano e acreditasse que era humano”

 

Em 1950, Alan desenvolveu um “desafio” que viria a ser conhecido como “Teste de Turing”, um dos primeiros estudos práticos a respeito de Inteligência Artificial e já prevendo o advento dos chatbots décadas depois.

Para Turing, se um humano conversar ou for atendido por outro humano e uma máquina e não conseguir distinguir qual dos dois eram humanos de verdade, então a máquina poderia ser considerada inteligente o bastante para passar em seu teste. Isso não aconteceu porque as máquinas ainda não são capazes de imitar a inteligência humana, mesmo quase 70 anos após sua criação.

 

“O que queremos é uma máquina que possa aprender com a experiência”

 

Além da inteligência artificial, outro ponto que era comentado por Turing já em 1947, era o Machine Learning. Durante uma palestra no London Mathematical Society, ele chegou a descrever como seria uma máquina capaz de aprender e alimentar as tabelas a partir de instruções iniciais:

“Vamos supor que tenhamos configurado uma máquina com certas tabelas de instruções iniciais e que, ocasionalmente, se surgisse uma boa razão, ela pudesse modificar essas tabelas. Pode-se imaginar que, depois que a máquina já estivesse operando há algum tempo, as instruções possam ser alteradas, sendo necessário admitir a realização de cálculos muito valiosos. Possivelmente, ela pode estar obtendo os resultados desejados conforme foi configurada pela primeira vez, mas de uma maneira muito mais eficiente. Nesse caso, seria preciso admitir que o progresso da máquina não houvesse sido previsto. Seria como um aluno que aprendera muito com seu mestre, mas que acrescentara muito mais a seu próprio trabalho”.

Nesta mesma palestra em 1947, Alan Turing já demonstrava a mesma preocupação que profissionais de inúmeras áreas têm hoje em dia: o de perder o emprego para uma máquina.

 

“Os mestres estão sujeitos a serem substituídos porque, assim que qualquer técnica se torna estereotipada, torna-se possível criar um sistema de tabelas de instruções que permita ao computador fazê-lo por si mesmo”

 

O matemático chegou a citar que estes profissionais não estarão dispostos a perder seus cargos e que, ao invés de aprender a trabalhar com essas máquinas, “cercariam seu trabalho de desculpas e mistérios, expressas em jargões muito bem escolhidos, sempre que houver a eminência de qualquer sugestão perigosa”.

Responsável até pelos primeiros passos do biticoin?

A Máquina de Turing, usada durante a Segunda Guerra Mundial, testava várias combinações até descobrir o código usado pelos alemães e foi vital na vitória dos ingleses na Segunda Guerra Mundial. Essa máquina serve de base para a ideia da criptografia dos algoritmos e do blockchain, a tecnologia por trás da criptomoeda.

A história de Alan Turing e sua máquina foi levada ao cinema no filme “Jogo da Imitação”. O matemático foi interpretado pelo ator Benedict Cumberbatch (famoso pelos personagens Sherlock, na série da BBC, e Doutor Estranho, nos filmes da Marvel). A cinebiografia chegou a concorrer a oito Oscars em 2015, vencendo apenas a estatueta de Melhor Roteiro Adaptado.

Mas nem os serviços prestados na vitória dos países aliados conseguiram evitar que ele fosse perseguido e condenado por ser gay. A homossexualidade era considerada um crime na Inglaterra na época. Ele morreu envenenado por cianeto em 1954, aos 41 anos.

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